Talvez comemore inconscientemente o solstício de Inverno, com as suas tradições milenares verdadeiramente natalícias. Talvez ajude o facto de fazer anos a dia 27 e em criança achar que todas as luzes da cidade eram a decoração da minha festa de anos 😀
Ou talvez veja o Natal como um reflexo da minha constante utopia 🙂
Das tréguas (mesmo que passageiras) entre países em guerra
das tentativas (mesmo que às vezes falhadas) das famílias disfuncionais,
da solidariedade (mesmo que forçada),
dos sorrisos (mesmo pelo meio do stress),
da magia (num mundo cada vez mais real… ou reality show…)
Também é a época em que cá por casa aproveitamos para ensinar uma ou duas mensagens que achamos fundamentais.
Não é preciso ter muito, para estar feliz.
O mais importante é a união.
Diversão
Mas isso não impede em nada, o embrenharmos-nos na magia.
Por isso, começamos a época por aproveitar os vários mercados e actividades de Natal que existem nos municípios (a maioria, gratuitos), embrenhando-nos no espírito Natalício com toda a nossa paixão.
Prendas
Este ano foram frasquinhos reciclados, de marmelada caseira e biscoitos de alfarroba e laranja. Os embrulhos, também têm a marca dos bebés.
Este ano, pedimos aos amigos para não comprarem brinquedos, é nesta idade, em que ainda não sabem como fazem os outros, que podem aprender a valorizar as pequenas coisas em vez dos grandes e muitos embrulhos.
A nossa prenda para os nossos filhos foi uma cozinha de brincar para os três (gêmeos e enteada). Uma prenda (melhorzinha) para os 3…
Este ano doámos para:
– The MT Foundation – Doação de Chuteiras usadas para crianças desfavorecidas
(ou seja, como o marido adora futebol, dei-lhe umas chuteiras de criança acessíveis, para ele doar. Estranho? Talvez. Para nós faz sentido assim.)
– Projecto Amélia– Ajuda crianças com cancro sem meios de transporte a conseguir chegar ao hospital para tratamentos de quimioterapia. Projecto de um Português na Birmânia.
Perpetuam-se essas histórias lindas, lidas sob a árvore de Natal, enfeita-se a imaginação com bonecos de barbas brancas feitos por eles, vive-se muita magia, mas eles sabem que os vários Pais Natais que vêm, são pessoas mascaradas e sabem que cá em casa o Pai Natal e os duendes somos nós. Escolhemos assim, pois por bela que seja a mentira, aprendemos na nossa família que não há inverdades, nem meias verdades. Há a verdade e nós não queremos mentir-lhes.
Por isso fazemos mais ou menos isto:
“A história do Pai Natal é muito linda, não é? Eu nunca o vi, nem conheço ninguém que o tenha visto, mas gosto de acreditar que ele exista porque é um símbolo da bondade. E nós podemos imitar o Pai Natal fazendo as nossas prendinhas para distribuir por quem gostamos, como ele faz na Oficina dele”
Depois, à noite, calçamos sapatos de duendes e gorros de Pai Natal, munimo-nos de guizinhos e abrimos as varias prendas que nos foram dando em Dezembro e as que temos nossas para trocar.
No fim da brincadeira, sentamo-nos quentinhos no sofá a ver um filme de Natal até eles adormecerem ao colinho. Que maravilhoso…
Ceia
Ao longo de Dezembro vamos fazendo os docinhos, bolachas com feitios, trabalhos manuais com muitas tintas e brilhantes, etc…mas na véspera de Natal, o dia é mesmo dedicado à cozinha, com muitas músicas de Natal cantadas e dançadas, pelo meio. Broinhas, bolo rei, sonhos, e o sonho de os ver de mãozinhas na massa a descobrir cheiros, sabores e a magia de fazermos juntos receitas de família, pelas nossas próprias mãos.
Neste dia, não há telemóveis, nem mensagens apressadas de Natal. O dia é só para a família e para a magia da época. A ceia é, claro está, vegetariana (vegan), sem crueldade animal, num dia de Paz.
O dia de Natal
A nossa casa que é perto de Lisboa e claro, não tem neve natural. Só porque é Natal e eu sou apaixonada por um Natal na neve e por dar muita fantasia aos meus amores.
I’m dreaming of a White Christmas…
oh dreams can so come true…!
E pronto, este é só um exemplo de como um Natal com família pequenina, sem bacalhau nem perú, nem rios de dinheiro gastos em prendas e até sem acreditar piamente no Pai Natal, pode ainda assim ser mágico.
Porque a magia, a magia é o amor!